Pedacinho de céu



Eu digo pra ele todos os dias: Tu és meu pedacinho de céu.
E com o tempo, com cada gesto que eu faço com as mãos, com os olhos, com a boca, com a alma... ele vai vendo que o que eu falo realmente sai do coração [da maçã aquela que a gente tem dentro da gente e que se mexe tentando saltar quando a gente tá perto de quem a gente ama]. O mais bonito disso tudo é que quanto mais de verdade ele vê que é, quanto mais esses dias de cola, que quanto mais passam mais nos deixam pertinho e colados, vão passando, mais ele vai jogando as armas que ele ganhou pela vida fora. Mais ele vai se esforçando pra ser meu sem medo que eu dê um pulo de repente e suma por esse mundo que parece tão pequeninho quando a gente tá junto mas que na verdade é gigantão.
"Eu não sei mais pular" eu disse. E repito isso todos os dias. Repito cada vez mais baixinho.
Vou abaixando a voz e abaixando, até chegar um dia que eu nem vou precisar falar mais nada, porque ele vai saber por si só.
E vai chegar um dia que eu e ele vamos reaprender a pular juntos...

























E nesse dia vamos voar.