Sem escudo

Imagine um escudo que defende duas pessoas. Meu escudo é assim... O lado direito me defendia. Ou era o equerdo? Não lembro. Nunca fui muito boa com isso de definir direito e esquerdo. Só sei que o meu lado quebrou em pleno natal. Foi nessa madrugada.
Eu estava parada, em frente ao espelho, aí eu escutei um barulho, corri na direção dele, e vi. Meu lado do escudo estava despedaçado ao chão, mas ele ainda conseguia proteger a outra pessoa que ficava ao meu lado.
A outra pessoa saiu do meu lado, acho que por medo de dividir o lado dela da proteção. A outra pessoa me viu chorando, olhou assustadamente,  não fez nada. Só saiu e caminhou aqueles passos egoístas que eu nem ouso julgar mais. É que julgar me machuca, e agora, sem escudo, eu tenho que fugir de machucados.
Mas o bom, é que eu usei aquela minha tática do ir dormir. Parece que quando eu acordo as coisas estão melhores, sabe? Mas dessa vez não estavam.
Estavam piores.
É que o meu escudo fala...
Aí eu fui falar com meu escudo, e saíram umas palavras estranhas da minha boca, e o meu escudo também falou em um dialeto que eu não entendia. Saíam umas letras estranhas da boca dele, e no meio uns sons dizendo que ele não podia mais me dar proteção.
E o meu escudo fuigiu de mim.
Aí, agora eu to com vontade de me afastar de tudo que possa me trazer machucados, porque como eu não sei como é isso, eu prefiro não arriscar.
Eu deveria estar falando de ideais bonitos de natal, como esperança e bondade, como eu falo há 19 anos não é? A bondade tá aqui ainda...
E a esperança desmaiou quando eu lembrei que além do escudo eu tenho uma armadura....
É que quando eu olhei pra ela ela estava correndo de mim com o escudo, cantarolando alto aquele dialeto de letras que eu não entendia mais.
























Só consigo compreender o som musical da luzinha no meu ladinho esquerdo que diz: É só um pesadelo, menina. É só um pesadelo...